sexta-feira, 6 de abril de 2012

Poesia: Sobre o Amor I




SOBRE O AMOR I
[Mateus Almeida Cunha]


Na vastidão da plenitude,
o amor

Aquilo que nada se sabe.
Aquilo que tudo se sente.
Aquilo que nada ressente.

Na imensidão da quietude,
o amor

Aquilo, de dentro, emoção.
Aquilo que poucos sentirão.
Aquilo que vibra, pulsação.

Entre poucos, se ama.
Na amplidão, o amor não trai.

Entre tantos, se ama.
Na amplidão, o amor não se esvai.

Entretanto, se ama.
Na amplidão,
 o amor .

Ensaio: Homenagem aos Pais


Ensaio: Homenagem aos Pais
[Mateus Almeida Cunha]



Pois que nada disso haveria se eles não existissem. Pois que nós não existiríamos, se não fosse por eles. É a quem devemos as nossas vidas e a quem devemos agradecer. A quem nos gerou e nos acompanhou ao longo de todos esses anos. A quem nos ensinou a ser quem somos. A quem nos disse que a vida não seria fácil, mas é verdade também que nunca nos disseram que seria tão difícil... 

Devemos agradecer por, diante de tantas dificuldades, diante de tantas escolhas, escolheram priorizar a nossa educação e por terem escolhido nos amar. Se, por algumas vezes, tivemos dúvida de como conduziram as coisas e se acreditamos que erraram, foi com a certeza de que fizeram o melhor que poderiam ter feito. E se, porque erraram, foi com a certeza que estavam fazendo o melhor, e isso basta. Por terem sido nosso exemplo de vida e por nos sentirmos orgulhosos de os termos como pais. 

Por terem nos dado forças e terem acreditado no que fizemos (ou fazemos), mesmo quando ainda nos restava alguma dúvida. Ou, mesmo quando não aceitando nossas escolhas, as respeitaram por nos amarem. Quando acreditaram em nós, mesmo quando nós mesmos não tínhamos certeza de nada e, mesmo que por algum instante, pensamos em desistir de tudo ou de parte do que já havíamos conquistado. Por nos terem dado força e estímulo, por nos terem feito fortes, por nos apoiarem. Pais, obrigado por tudo.



[Escrito por encomenda, a pedido de Tiana Sampaio]

Ensaio Sobre a Afinidade




ENSAIO SOBRE A AFINIDADE
[Mateus Almeida Cunha]


Conhece-se. Gosta-se. Convive-se. Decerto que nem sempre as coisas ocorrem assim. Talvez pela ausência de afinidade. Afinidade. Como defini-la? Talvez afinidade seja aquilo que se sente com alguém que se gosta, tal qual a empatia. Tal qual um querer. Tal qual um estar perto, fazer-lhe bem, convidar-lhe ao convívio. Como se não precisassem falar, e seus assuntos fluíssem de forma “averbal” (com o perdão do neologismo). Como se se soubesse o que o outro diz, gosta, faz, sente, reage. Como se não se precisasse mentir. Como se sempre se despissem verbalmente, numa enxurrada de pensamentos indizíveis. Afinar-se. Completar-se. Refugiar-se. Como se se soubesse de tudo e, ainda assim, houvesse algo para completar. Não possuir um ponto final. Viver em ponto de seguimento infinito. Viver em vírgulas, em reticências e gostar das exclamações. E quantas! Oh, quantas!

“Amigos não se faz, se reconhece” [Vinícius de Moraes]. Afinidade não se busca, se possui, muito antes mesmo de se tê-la. Afinidade é algo que atrai, que marca, que seca, que pesa. Afinidade é saber conviver. É saber entender. É saber respeitar. É saber quando opinar. É saber o que opinar. Afinidade pode ser um hiato de meses sem comunicação devido a alguma ausência e, quando da presença, uma verborragia como se houvessem conversado no dia anterior, na hora anterior, ou mesmo se nunca tivesse tido separação. Afinidade é ter fluência. Enfim, afinidade é fluir-se em outrem.