quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ensaio: Legalização do Aborto

LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
(Mateus Almeida Cunha)


Considero a prática do aborto algo abominável, com algumas exceções: risco de morte à mãe, anomalias e/ou mutações que impliquem na vida da criança, estupro e outras situações específicas. Portanto, sou contra o aborto (o ato). Entretanto, não sejamos hipócritas a ponto de tentar tapar o Sol com a peneira (como se dizia antigamente), cerrando os olhos e crendo que vivemos num mundo ideal (que não existe!). Aborto sempre existiu e, até que se prove o contrário sempre existirá (infelizmente). As civilizações antigas têm relatos (provas) da existência de fetos oriundos de abortos. Chás de ervas abortivas também são muito antigos.

O fato é que, atualmente, no ato abortivo quando "bem sucedido" (se é que essa expressão "bem sucedido" pode ser usada...) "apenas" a criança morre. Entretanto, pelas condições precárias de higiene/salubridade das atuais "clínicas" clandestinas de aborto, é muito comum que a (ex-)gestante fique com alguma infecção, hemorragia ou sequela para o resto de sua vida. Hemorragia essa que, por muitas vezes à leva a morte. Se fosse legalizado, ao menos existiriam clínicas "decentes" para realizar esse ato repugnante e, na maioria das vezes, abominável, e ao menos as mulheres não morreriam. "Apenas" a(s) criança(s) morreria(m). Não pensemos nisso como um ato em que induziria as mulheres a praticarem. Isso é besteira! A pergunta é: você, mulher, faria algum aborto só porque seria legalizado? Você, homem, crê que sua mãe, esposa ou filha começaria/começará a sair abortando em suas gravidezes acidentais só porque é/seria legalizado? Quem sempre o fez continuará a fazer.

O cigarro é uma droga legal e eu (assim como diversos amigos e familiares) nunca fumamos (tampouco experimentei) só porque é uma droga lícita encontrada facilmente. Por que, com o aborto seria diferente? Temos diariamente dezenas de escadas à nossa frente e nunca nos jogamos delas. Por que, uma mulher, que nunca cogitou abortar, em sã consciência iria fazê-lo só porque seria legal? Isso faz sentido?

Não queiramos permanecer na sombra, causada por nós mesmo e vamos enxergar as coisas como eles são: vamos salvar, ao menos, uma vida ou vamos continuar fazendo de conta que esta tudo bem, deixando que dois/duas morram por vez?

Pensemos assim: contra o aborto (em condições de irresponsabilidade) e à favor da sua legalização. Vamos salvar ao menos uma vida, já que não temos domínio das duas! 

Um comentário:

  1. Concordo no sentido de dar mais dignidade ao livre arbítrio.

    O aborto é abominável, sem dúvidas, mas não legalizá-lo é o mesmo que negar socorro a um homicida (e quem faz um aborto também não seria um homicida?) ferido na troca de tiros com a polícia. Se bem que o homicida sai preso do hospital. Será que a "condenação" que a sociedade imagina dar a mulher que pratica um aborto seria, então, as sequelas de um procedimento feito de modo precário? Muito cruel.

    Vejo que a legalização do aborto é um degrau no processo de evolução social que talvez a nossa sociedade ainda não tenha alcançado. É uma pena.

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