domingo, 31 de outubro de 2010

Poesia: Vende-se um Coração

VENDE-SE UM CORAÇÃO
(Mateus Almeida Cunha)


        [poema resgatado de manuscritos
do ano de 2005 ou 2006.
Esquecido pelo tempo,
dormindo num sono tranquilo e profundo]


Vendo um coração semi-novo, pouco tempo de uso,
com pouca, quase nenhuma experiência amorosa. 
Passou por algumas emoções, é certo
mas, nenhuma como a que se pretendia.


Batidas cardíacas rítmicas, compassadas:
traz também tantas tristezas...

Funciona quase perfeitamente:
só não dispara grande emoções.


Permanece gélido, fraco, inconsólito
carregando em si, sua própria seiva: sangue.


Rubro, já não se declara:
repara os enamorados.


Quem o quiser, falar com
o Sr. Preciso Amar Agora.


Endereço: Rua da Saudade, n.º 103
Edifício da Carícia, 4º andar, Praça dos Amantes.


Observação: único dono.
Pouco uso pelas circunstâncias.




[comentário: fiz numa época em que lia Drummond 
com uma intensidade fantástia e acho que, 
nesse poema, consegui carregar um pouco da sua influência.
Ao reler, percebi isso.]