VENDE-SE UM CORAÇÃO
(Mateus Almeida Cunha)
[poema resgatado de manuscritos
do ano de 2005 ou 2006.
Esquecido pelo tempo,
dormindo num sono tranquilo e profundo]
Vendo um coração semi-novo, pouco tempo de uso,
Batidas cardíacas rítmicas, compassadas:
Funciona quase perfeitamente:
Permanece gélido, fraco, inconsólito
Rubro, já não se declara:
Quem o quiser, falar com
Endereço: Rua da Saudade, n.º 103
Observação: único dono.
Vendo um coração semi-novo, pouco tempo de uso,
com pouca, quase nenhuma experiência amorosa.
Passou por algumas emoções, é certo
mas, nenhuma como a que se pretendia.
Batidas cardíacas rítmicas, compassadas:
traz também tantas tristezas...
Funciona quase perfeitamente:
só não dispara grande emoções.
Permanece gélido, fraco, inconsólito
carregando em si, sua própria seiva: sangue.
Rubro, já não se declara:
repara os enamorados.
Quem o quiser, falar com
o Sr. Preciso Amar Agora.
Endereço: Rua da Saudade, n.º 103
Edifício da Carícia, 4º andar, Praça dos Amantes.
Observação: único dono.
Pouco uso pelas circunstâncias.
[comentário: fiz numa época em que lia Drummond
[comentário: fiz numa época em que lia Drummond
com uma intensidade fantástia e acho que,
nesse poema, consegui carregar um pouco da sua influência.
Ao reler, percebi isso.]