quinta-feira, 19 de abril de 2012

Poesia: Sobre a Saudade VI



Sobre a Saudade VI
[Mateus Almeida Cunha]


Saudade, saudade,
uma ausência de verdade
ou uma pseudo-solidão?

Saudade, saudade,
um não completar-se de
não tão rara emoção

Saudade, saudade,
embora pareça eternidade
nada mais que sensação

Saudade,
de pensamento de outrem,
solidão

Saudade,
de tanto corroer-se em
emoção

Saudade,
Uma indescritível
Sensação

De tanta dor,
Silencia-se

Poesia: Sobre a Saudade V


Sobre a Saudade V
[Mateus almeida Cunha]

“De repente, nunca mais esperaremos”
De repente, nunca mais seus olhos a me penetrarem
De repente, nunca mais sua voz a me chamar
De repente, nunca mais seus lábios nos meus
De repente, nunca mais sua mão macia sobre meu corpo nu
De repente, nunca mais seus seios em minhas mãos
De repente, nunca mais estaremos

De repente, se acabou
De repente, sua ausência
De repente, se finda uma vida
De repente, a solidão 
e
De repente, se acostuma
De repente, se solidifica
De repente, se petrifica

De repente, não tão de repente
De repente, outro amor
De repente, outra dor
De repente, não se acostuma
De repente, não mais se satisfaz
De repente, outra separação
De repente, “tudo dói”        



[Citações: 
Vinícius de Moraes, "Poema de Natal"
Caetano Veloso, "Tudo Dói"]

Poesia: Tarde em Mangue Seco

Tarde em Mangue Seco
[Mateus Almeida Cunha]



Mar, maresia, uma miragem.
A água salgada sob o Sol reflete o dia
em movimento com as ondas a nos embalar
e transcender à paisagem estática
que lentamente carrega as nuvens que sombreiam os corpos seminus
que sentem a fina areia fria sob os pés descalços.
Percauços.

As ondas, de espumas brancas,
misturam-se em cores com o azul-marinho
e dissolvem as esculturas de areia
que as crianças formam, tao disformes,
ao longe, ao mar,
Ah, amar

As esculturas

estão constantemete a desconstruirem-se,
com o embalo sutil das ondas
que lhe levam sua matéria-prima,
areia

Não há relógios a contar o que está a ocorrer,
cujo tempo parece permanecer estático, nulo, único,
para deleitarmo-nos, enquanto carros e assaltos e motos e bancos e lojas e avenidas

enchem as cidades que fugimos.



[Feito em Mangue Seco, numa tarde na praia]