Iniciei essa poesia de cordel há alguns anos e a esqueci completamente e nunca mais retomei por conta das atribuições do dia-a-dia (ou mesmo por negligência). Fuçando outros arquivos no computador, achei. Espero um dia terminá-la, mas é tão audaciosa que, da formação do Universo até chegar aos dias atuais ainda faltam milhares de anos e centenas de estrofes com milhares de versos.
Tomara que ainda tenha fôlego pra retomar...
Mateus
EPOPÉIA UNIVERSAL
[Mateus Almeida Cunha]
CANTO I – DO SURGIMENTO DO UNIVERSO
Sob o silêncio da escuridão e do vazio
Uma enorme massa densa expandiu
E assim, o Universo então surgiu
Como numa dança, o espaço se definiu
E desde então, o tempo, estático, existiu
E o tempo e espaço se uniram por um fio
O ermo, por muitos anos permaneceu
Nem mesmo uma estrela apareceu
Como um lugar que alguém esqueceu
Só mesmo o raio do Universo cresceu
E se expandiu em meio a tanto breu
Quiçá, uma luz um dia se acendeu
Ao acaso, de forma tão excepcional
Por um longo tempo, assim descomunal
Começou a moldar-se a sua forma atual
No negrume do espaço sideral
Uma galáxia, a Via Láctea, surgiu fenomenal
Em sua forma de poeira em espiral
E assim, carregando em seu ventre estelar
Oito planetas ao Astro-rei a acompanhar
E a Terra com uma lua prata a circundar
Nas explosões solares, toda a energia a irradiar
Percorrendo o espaço, nos confins do Sistema Solar
Para, na Terra, a sua luz visível espraiar
CANTO II – DA FORMAÇÃO DA TERRA
Os átomos, em ideais combinações
Formaram as moléculas através de ligações
Cuja química e física nem faziam previsões
Que, aos poucos, foram grandes alterações
Responsáveis por diversas interações
Causadoras até mesmo de várias sensações
Os vulcões logo foram se encarregando
Das primeiras rochas irem moldando
Os grandes morros, em cordilheiras de alinhando
As erupções foram-se acabando
As rochas, em pedaços, se fragmentando
E o solo, então, se formando
Certos gases, no início se agruparam
E em condições ideais, a água formaram
Que em chuvas torrenciais os solos alagaram
Lavaram a terra, e seus sais carrearam
Até as depressões, os oceanos se formaram
E os primeiros seres, no mar habitaram
Houve um fluido, a “sopa primordial”
Que carregou a vida em sua forma inicial
Cuja circunstância parecera muito especial
Para dar início assim à vida natural
Que hoje vê-se em sua forma habitual
Em meio a tanta criação intelectual
CANTO III - DOS SERES VIVOS
Os vírus, com sua composição tão inusitada
Podem permanecer por longo período de forma estagnada
Ou espalharem-se celeremente de forma descontrolada
A célula de outros será por eles roubada
Para em seu núcleo haver uma mistura integrada
E sua reprodução, então ser realizada
Outros seres, assim como a bactéria
Podem emergir de forma deletéria
Carregada, em outro ser, por sua artéria
Para o enfermo, sua vida uma miséria
Mas há também a decomposição da matéria
Como função da saprófita bactéria
Os peixes, em grupos, sempre em natação
Possuem brânquias, decerto pra respiração
Fazem dos recifes sua habitação
Aos cardumes saem em competição
E se, por descuido, não há atenção
Há sempre um predador, e os faz refeição
Entre a terra e a água, numa vida dividida
Os anfíbios, uma fauna escolhida:
o elo entre os peixes e répteis, refletida
Os girinos com sua cauda encolhida,
E os sapos a pular de forma desmedida
A coaxar nos brejos ou na lagoa escondida
Com a aparência sempre a amedrontar
Pecilotérmicos, os répteis têm o Sol a lhes esquentar
Em copas de árvores, areias ou lagos a nadar
Alguns, com patas firmes a caminhar
Outros, sem patas, fadados a rastejar
Ou os carnívoros, nadando sempre a assustar
Sem ossos, possuem o tamanho diminuto
Os insetos são animais de grupo astuto
Em sociedades, as formigas possuem seu estatuto
As aranhas constroem suas teias em meio minuto,
Para a sua presa, atacar de jeito arguto
Dos casulos, saem as borboletas como um fruto
Com as asas se impondo ao céu a voar,
Penas coloridas, para o corpo enfeitar
E o bico, da comida a se alimentar
Algumas aves insistem em nadar
Mas não podem ao mergulho arriscar,
Com o fato de, talvez se afogar
Dotados de leite para a cria fornecer
Os mamíferos são fáceis de entender
Podem ter patas para, na terra correr
Asas para, voando, a noite percorrer
Ou mergulhando a respiração prender
São versáteis para a presa entreter
CANTO IV – DA EVOLUÇÃO DO HOMEM
Dos primatas houve grande evolução
Quando o homem pôs em si a indagação
Que o conhecimento é o artifício da criação
E pôs-se, do caminhar quadrúpede, a abolição
Iniciando a sua era de destruição:
Dos recursos naturais, a degradação
Nos primórdios havia mesmo o nomadismo
Quando havia então, o predatismo
Era o início do seu especismo
Em certas tribos, o canibalismo
Que i’nda se sustenta como vandalismo
Ou talvez um fatalismo
E pôs-se ao fogo ter dominação
E transformou as grutas em habitação
Onde era mais fácil a proteção
Havia de aumentar sua população
Para a sua espécie ter dominação
Sobre os outros seres, a escravidão
Com algumas habilidades, pôs-se em alguns lugares a quedar
De lascas de pedras e madeiras, os instrumentos a criar
Por certo que isso, em muito na vida iria facilitar
E seu meio, em muito já estava a transformar
Com as primeiras árvores a cultivar
De seus frutos poder-se-ia alimentar
CANTO V – DA ORGANIZAÇÃO PRIMÁRIA
Para um líder possuir sua ascensão
Era necessário o artifício da comunicação
Como uma primeira ferramenta da corrupção
Decerto que os bens começaram a ter distinção
E os clãs de digladiavam em competição
Disputando territórios, poder e principalmente atenção
Para demonstrar quaisquer habilidades,
Haviam-se de construir as primeiras cidades
Ainda que as residências tomassem certas liberdades
E se organizavam, cada vez mais, em sociedades
E a matemática urgia como uma das necessidades
Sem as teorias que impunham as suas veracidades
Os continentes, por ora se dividiam
Em povos que, entre si, competiam
Em línguas que se desconheciam
As atitudes brutais assim surgiam
Onde outrora inexistiam
E suas idéias e ideais não confluíam
CANTO VI – DAS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS
Dos vestígios das antigas civilizações,
Quiçá nunca se saberão suas limitações
Outras tantas com crédulas religiões
Esquecidas, pouco mencionadas em canções
Como as históricas grandes navegações,
Nos mares, desaparecidas suas embarcações
No Nordeste da África, uma grande cultura emergiu
Às margens do Rio Nilo uma cidade se construiu
Em região desértica, abundante chuva por vezes caiu
Muito se beneficiaram do regime de cheia do Rio,
com depósitos de humos, na estreita margem surgiu
Em seu politeísmo, nenhum deus o Egito omitiu
Menés, seu primeiro faraó concentrava todo o poder
Como forma da economia servil se desenvolver
E seus escravos, sem qualquer tipo de lazer
(...)
(Incompleto. Um dia ele será finalizado. Espero...)