Não faço versos como quem respira
do puro oxigênio a banhar-lhe a artéria
e percorrer o corpo da viva matéria.
Num arsenal de palavras disformes,
cada estrofe a se construir:
disparar sentimentos a ruir.
Seja métrica ou puramente poética,
eu preparo uma rima como quem ama ou sorri.
Talvez nem mesmo saiba se, um dia, algum coração parti.
Em sons rítmicos e descompassados de um verso avassalador
eu tento narrar o tempo que parece ser o que senti.
Em vão, fujo da música que insiste em sair.
Nessa vã criação,
nada além do bem ou do mal
a atormentar-me num dia quase fatal.
[Autoria: Mateus Almeida Cunha]