terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sobre o novo livro de José Saramago, "Caim"




É evidente que muito se espera desse grande monstro literário que é Saramago, no auge da sua sapiência e criação. Não foi à toa que foi muito bem agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura pelo seu maravilhoso livro "Ensaio Sobre a Cegueira", posteriormente adaptado para a Sétima Arte pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles. Deve-se dizer que foi muito bem adaptado, inclusive a ponto de comover o próprio Saramago e os que assistiram o vídeo pós-exibição do filme, disponível no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=Y1hzDzAvJOY - com uma demostração lindíssima de carinho, respeito e admiração de Meirelles para com Saramago, beijando-o ternamente e a emoção fantástica de Saramago dizer que, ao assistir o filme sentiu-se tão feliz como quando acabou de fazer o livro.

O livro "Caim" é uma dessas maravilhas da atualidade que se tem o prazer de ler com a certeza de que ele se perpetuará não apenas por décadas, mas por milênios, tornando-se um clássico. É com grande maestria que Saramago faz uma pungente releitura do Antigo Testamento da Bíblia, ao seu modo, claro. As aventuras e desventuras de Adão e Eva e das suas crias (principalmente Caim, foco da narrativa) são tratadas com uma certa naturalidade (apesar de um toque de angústia e liberdade - ou seria revolta?), sempre fazendo o leitor se lembrar das atrocidades cometidas pelo suposto criador do mundo, deus (aqui também em inicial minúscula), narradas pela Bíblia cristã.

Como diz Saramago, se Adão e Eva foram expulsos do paraíso o culpado disso foi deus por ter plantado a árvore do fruto proibido. E, mesmo tendo-a plantado, ele poderia ter posto uma cerca ao seu redor para que Adão e Eva não conseguissem provar do fruto.

Vale a pela ler! Uma leitura fantástica e extasiante. Sensacional!

Nenhum comentário:

Postar um comentário