terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sobre o novo livro de Chico Buarque, Leite Derramado





Chico Buarque é dos maiores gênios da Música Popular Brasileira (MPB) e também da cultura nacional. Em suas canções bastante melódicas e seus versos simples ou extremamente trabalhados (tais como as canções "Construção", "Fado Tropical" ou diversas outras), alguns deles a simetria e o jogo de palavras, percebe-se a preocupação do poeta (na verdade, compositor) Chico Buarque de Holanda com a busca da perfeição. Quem nunca sentiu o coração pulsar mais forte ao ouvir os versos: "Oh, pedaço de mim / oh, metade arrancada de mim / Leva o vulto teu / Que a saudade é o revés de um parto / A saudade é arrumar o quarto / Do filho que já morreu" em "Pedaço de Mim"?

Mas é bem verdade que, ao meu modo, o Chico compositor (letrista e cantor) é muito superior ou Chico escritor (de prosa). Já tive contato com a sua obra "Budapeste", há alguns anos, que não cumpriu toda a expectativa que havia depositado e, agora, em seu novo romance "Leite Derramado" ele demonstrou uma escrita mais madura e diferenciada de "Budapeste".

"Leite Derramado" descreve a história autobiográfica (para a personagem que escreve o livro - Eulálio d'Assumpção - cuja personagem faz questão de frisar o "p" de AssumPção), decadente, da família desse maribundo em seu leito (quase) de morte. Uma maneira interessante de se narrar os acontecimentos, já que o idoso possui uma narrativa não-linear, tendo lapsos de memória e momentos de avivamento de fatos muito antigos. É impressionante a forma como ele (Eulálio D'Assumpção) orgulha-se da família, principalmente dos seus antecessores (barões da época do império, políticos etc.), ao mesmo tempo que consegue descrever a decadência da sua própria família até chegar ao seu bisneto, nos dias atuais.

Vale a pena ler, já que trata de uma curta saga de uma família, mostrando seus tempos áureos e de decadência. Mas, ainda assim, prefiro o Chico compositor...

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