segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Crítica: Hilda Furacão

Crítica: Hilda Furacão
(autor do livro: Roberto Drummond)



Confesso que sou apaixonado pela minissérie produzida pela Rede Globo, na década de 90, intitulada Hilda Furacão. Apenas depois de alguns anos soube que, como de costume, a minissérie era uma adaptação da obra homônima de Roberto Drummond (que também aparece como personagem, na sua obra).

Há algumas diferenças entre a minissérie e a obra original (livro), principalmente pela não-linearidade dos fatos (existente) no livro e também:

-  O frei Malthus usava óculos;
-  Hilda Furacão não decidiu ir para a Zona Boêmia no dia do seu casamento, até porque não havia casamento;
- Hilda Furacão tinha um namorado, mesmo morando no quarto 304 do Maravilhoso Hotel;
- Dona Loló Ventura era viúva e tinha o cabelo lilás (se não estiver enganado);
-  Etc.

O livro é muito bem escrito, numa linguagem extremamente acessível e muito objetivo: os fatos são narrados sem prolixidade. O interessante não é apenas a história da Garota do Maiô Dourado, do Minas Tênis Clube que decide tornar-se prostituta, mas a história que cerca tudo isso. A época da Revolução... Os conflitos políticos... A ideia controversa da criação da Cidade das Camélias... O jornalismo de Roberto Drummond (personagem)... Os conflitos "mundanos" do Frei Malthus... O sonho de Aramel, o Belo... O papel da religião e da arte na pequena cidade de Santana dos Ferros... 

Bem, a ida de Hilda Furacão para a Zona Boêmia também é um mistério no livro. Ela promete contar tudo ao seu amigo, jornalista (e narrador), Roberto Drummond (personagem), mas ela não o faz. Conta apenas da previsão da vidente que a sua maior escola seria a vida. E promete, depois de levar alguns anos na Zona Boêmia, largá-la no dia do seu aniversário (e o faz), no dia 1º de abril. Detalhe: o dia da mentira!  

No final, apesar de decidir ficar com o Frei Malthus, eles se desencontram (de forma muito mais dramática que na minissérie) e não ficam juntos. Hilda muda-se para a Argentina e eles não mais se veem. Ah, o "santo" Malthus larga o seu futuro na Igreja...
Roberto Drummond (escritor), certa vez, numa palestra, tentou convencer os alunos de que Hilda Furacão existiu e que deveria estar linda ainda (na época, com mais de 60 anos!). Será mesmo que Hilda teria existido ou foi (apenas) mais uma brincadeira de Roberto Drummond, por conta do 1º de abril?

Vale a pena lê-lo!

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