domingo, 15 de maio de 2011

Ensaio: A Difícil Arte de Ser

A Difícil Arte de Ser
Mateus Almeida Cunha



Como poder ser o que se quer, quando esperam algo (a) mais? Como decidir-se a ser o que se quer ser, quando há uma expectativa incisiva sobre a sua figura? Talvez o próprio fato de simplesmente ser: sem censuras. Dificuldades cotidianas que constantemente passamos e/ou somos postos em prova (em prova ou sumariamente reprovados?)...

Portanto, a cada (vão) instante, tenho a certeza de que as pessoas diferentes não se sentem bem num mundo onde, cada vez mais, obrigam-nos a tornarmo-nos iguais. É como se nosso corpo abrigasse um ser que, por ora, não fosse um ser. Ou melhor, não fosse: ser. A sociedade, a cada dia, tenta nos moldar a padrões sociocomportamentais arbitrariamente pré-estabelecidos. Sim: arbitrariamente! E quando nos afastamos (ou quando tentamos nos afastar desses dogmas (sic!) socioculturais, somos tidos como loucos ou, pior, excêntricos.

Então, como ser? É preciso mudar. Lembro dos versos impactantes de Ferreira Gullar:


"A vida muda como a cor dos frutos lentamente e para sempre
A vida muda como a flor em fruto velozmente"


Portanto, é preciso ser breve nas decisões. É preciso ser breve nas mudanças. É preciso correr riscos. É premente/urgente e necessária a mudança. De forma (bastante) piegas, é preciso que a lagarta, com muito sofrimento, se metamorfoseie (sic!) para transformar-se em borbolela. Ela virou outra. Ela ganhou sua liberdade de voar (literalmente, mas em sua essência metafórica) para ser o que foi fadada a ser: borboleta. A lagarta foi apenas uma passagem necessária em sua breve vida. Em alguns momentos precisamos rastejar. Em alguns momentos não podemos voar. Mas há um dia em que, trancando-se em seu próprio mundo (nosso casulo) e observando-se mais que a tudo e a todos, esquecendo o mundo externo, apesar dos acontecimentos que não deixam de ocorrer, sentimo-nos. Sentimo-nos. Nos sentimos em nosso próprio corpo. O corpo, enquanto morada do ser que querem que se seja ou apenas do que se é. O corpo que se é! Antes, não fosse... Mas há um (difícil) momento em que temos de optar entre continuar como uma lagarta rastejante ou voar como borboletas arriscando-se ao perigo da queda. Agora, prefiro voar, apesar da incerteza dos ventos...

Um comentário:

  1. Voe Filho! Voe se esse for seu desjo. Cada vez mais alto. Não importa, nada importa. Mas tenha certeza que num esforço supremo criarei asas e não te abandonarei. Acompanharei sempre você.Eu te amo!!!
    Edna

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